Uma análise do Observatório Obstétrico Brasileiro mostrou que, dentre os 8.587 óbitos maternos registrados oficialmente durante os anos de 2016 a 2020 no país, 5.373 (aproximadamente 63%) foram referentes à mulheres que se encontravam no período do puerpério até um ano após o parto. A análise revelou que, dentro do período considerado, os óbitos de puérperas se mostraram superiores ao dobro do número de óbitos ocorridos durante a gravidez, parto ou aborto, que somaram 2.470 ocorrências.

47% das puérperas falecidas eram solteiras

Mulheres solteiras compuseram o estado civil predominante entre os óbitos maternos de puérperas registrados no período, contabilizando 2.542 óbitos (cerca de 47% do total). O grupo de puérperas casadas representou aproximadamente 30% dos óbitos, com 1.602 falecimentos ocorridos durante os anos de análise.

64% das puérperas que vieram a óbito eram pardas ou negras

Como um dos possíveis reflexos da desigualdade racial no Brasil, a análise revelou que 3.430 das puérperas que vieram a óbito (cerca de 64% do total do período) eram pardas ou negras. Destas, as mulheres pardas representaram aproximadamente 83% dos óbitos, com 2.836 ocorrências. O número de puérperas de raça/cor branca que faleceram no período representou cerca de 32% do total, com 1.735 óbitos registrados.

A maioria (73%) das puérperas tinham até o ensino médio completo

O grupo de mulheres com até o ensino médio completo compôs cerca de 73% do total de óbitos maternos de puérperas do período, com 3.925 ocorrências. Destas, aproximadamente 48% possuíam apenas o até ensino fundamental completo, enquanto as 52% restantes haviam concluído o ensino médio antes de seu falecimento.

Dos 5.373 óbitos de puérperas, 3.389 eram evitáveis

Dentre todos os 5.373 óbitos maternos de puérperas registrados no período, cerca de 63% (3.389 registros) ocorreram por causas obstétricas diretas. Mortes maternas por causas obstétricas diretas são aquelas que ocorrem por complicações obstétricas durante gravidez, parto ou puerpério devido a intervenções, omissões, tratamentos incorretos ou a uma cadeia de eventos resultantes de qualquer dessas causas e que, portanto, poderiam ser evitados.

Todas as análises foram realizadas a partir dos dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), que podem ser acessados dentro do painel OOBr Óbitos de Gestantes e Puérperas.