Associação entre nascimentos prematuros e desenvolvimento socioeconômico: análise de dados nacionais

04/11/2022

Artigo Científico

Resumo
Contexto

O aumento da prevalência de parto prematuro, que é um fenômeno global, é atribuído ao aumento das indicações médicas, gestações artificiais e alguns fatores socioeconômicos. Este estudo foi realizado para identificar se os índices de desenvolvimento e igualdade estão associados à incidência de parto prematuro, especificamente, partos prematuros espontâneos e eletivos.

Métodos

Este estudo observacional retrospectivo compreendeu uma análise de dados de nascidos vivos de 2019 no Brasil e de índices socioeconômicos derivados de informações censitárias em 2017. Os dados foram sumarizados por meio de frequências absolutas e relativas. A correlação de Spearman foi usada para determinar a correlação entre os fatores socioeconômicos e a taxa de nascimento prematuro. A análise de regressão beta múltipla foi realizada para determinar o melhor modelo de covariáveis ​​socioeconômicas e taxa de nascimento prematuro. O nível de significância foi estabelecido em 5%.

Resultados

Em 2019 no Brasil, a taxa de parto prematuro foi de 11,03%, dos quais 58% e 42% foram partos espontâneos e eletivos, respectivamente. Para todos os nascimentos prematuros, a correlação de Spearman variou de ρ = 0,4 para o Índice de Gini e ρ =  − 0,24 para analfabetismo. O melhor ajuste modelou a fração de parto prematuro espontâneo como uma função negativa do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O modelo de melhor ajuste considerou a fração esperada de parto prematuro eletivo como função positiva do IDH e como função negativa do Índice de Gini, que foi utilizado como parâmetro de precisão.

Conclusões

Observamos redução na fração de partos prematuros espontâneos; no entanto, a distribuição não foi uniforme no território: maiores taxas de parto prematuro espontâneo foram observadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Assim, áreas com menor escolaridade e distribuição de renda desigual apresentam maior proporção de parto prematuro espontâneo. A fração de parto prematuro eletivo associou-se positivamente com índices de nível socioeconômico mais favorecidos.

 

Marina Sanches Montemor Augusto apresentou esse artigo para pesquisadores do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC/FM-USP) e integrantes do Observatório Obstétrico Brasileiro, encontro realizado em 25 de maio no auditório do hospitalO artigo científico, publicado na revista científica BMC Public Health, pode ser acessado no link abaixo e a apresentação da Marina, no vídeo adiante.

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