Doenças cardiovasculares pioram o prognóstico de COVID-19 em gestantes e puérperas

01/03/2023

Artigo Científico

Uma questão importante relacionada à COVID-19 diz respeito à presença de comorbidades relacionadas às mulheres grávidas e puérperas. A morte materna é o evento mais raro e dramático, de uma cadeia de acontecimentos que pode acometer qualquer mulher durante o ciclo gravídico-puerperal. Esta cadeia de eventos inicia-se quando uma mulher apresenta alguma das diversas condições potencialmente ameaçadoras da vida (CPAV). Quando não adequadamente tratada, ela pode evoluir para condições ameaçadoras da vida, em que há disfunção ou falência orgânica e que se definem a partir de critérios clínicos, laboratoriais ou de manejo. Mulheres que sobrevivem a tais eventos graves serão classificadas como near miss materno (Santana et al., 2018).

A doença cardíaca, por exemplo, é associada com uma maior ocorrência de graves resultados maternos, incluindo morte materna e near miss materno, entre mulheres que apresentam qualquer morbidade materna grave (Campanharo et al., 2015). Estudos relataram que a presença de cardiovasculares (DCV) é um fator de risco independente para casos graves de COVID-19 na população em geral (Onder et al. 2020; Guzik et al.2020). Especificamente na população obstétrica, a Sociedade Brasileira de Cardiologia, em posicionamento sobre a COVID-19, indicou que mulheres grávidas com doenças cardíacas são um grupo de alto risco para mortalidade por COVID-19.

Ao analisar casos de grávidas e puérperas hospitalizadas por COVID-19, o artigo em questão apresenta que pacientes com DCV têm maior chance de admissão em UTI (OR = 1,22, IC95% 1.10-1.35) e intubação orotraqueal no terceiro trimestre (OR = 1,30, IC95% 1,04-1,62) quando comparados com pacientes sem a presença de DCV. O grupo que apresenta DCV têm uma maior mortalidade (18,9% vs. 13,5%, p < 0,001), com uma chance de morte 32% (OR = 1,32, IC95% 1,16-1,50). Além disso, o risco de morte foi maior no segundo (OR = 1,94, IC95% 1,43-2,63) e terceiro (OR = 1,29 IC95% 1,04-1,60) trimestres, assim como para as puérperas (OR 1,27, IC95% 1,03-1,56). Pacientes obstétricas com DCV e hospitalizadas são mais sintomáticas para a COVID-19, e seu tratamento demanda mais tempo de internação em UTI e suporte ventilatório.


O artigo foi publicado na revista científica internacional PloS ONE e pode ser acessado no link abaixo.

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