5. Condições do nascimento

06/03/2023

As condições de nascimento do recém-nato dependem da saúde materna. Embora sejam indicadores relacionados ao bebê, devem ser monitorados por também refletirem a qualidade dos cuidados recebidos pela gestante durante a assistência pré-natal e ao parto.

Os indicadores a seguir podem ser usados para monitorar as condições de nascimento nos estados e nos municípios. Entenda como eles se comportam no Brasil e no mundo e como estão relacionados com a mortalidade materna.

Entenda o modelo teórico de acompanhamento dos indicadores.

a, b. Proporção de nascidos vivos prematuros e proporção de nascidos vivos com baixo peso ao nascer

O parto prematuro, com menos de 37 semanas de gestação, e o baixo peso ao nascer, que é o nascimento de um bebê com menos de 2500g, são os principais fatores de risco para a mortalidade infantil. Ambos estão relacionados à qualidade da assistência durante a gestação e podem ser reduzidos com uma adequada assistência pré-natal.

Além do tratamento de complicações que poderiam resultar num nascimento prematuro ou com baixo peso ao nascer, a assistência pré-natal pode reduzir alguns fatores de risco modificáveis, tais como o fumo, álcool e outras drogas.

No mundo, a proporção de nascimentos prematuros aumentou de 9,8%, em 2000, para 10,6% em 2014. O Brasil encontra-se entre os 10 países do mundo com maior número absoluto de nascidos vivos prematuros, respondendo por 2,3% do total de nascidos vivos prematuros [1]. A taxa de prematuridade no país apresentou pequeno declínio no período de 2012 a 2019, com variação de 10,9% a 9,9% [2].

Já a proporção estimada de baixo peso ao nascer no mundo apresentou redução de 17,5% no ano 2000 para 14,6% em 2015. Na América Latina, a redução observada nesse mesmo período foi de 8,8% para 8,7%. No Brasil, a proporção de baixo peso ao nascer tem permanecido estável, com valor de 8,5% em 2020.

Globalmente, estima-se que 20,5 milhões de crianças nascem com baixo peso ao nascer, 91% delas em países de baixa e média renda [3]. Existe um compromisso global de reduzir a proporção de baixo peso ao nascer em 30% até o ano 2025, considerando-se os valores de 2006-2010 como referência.

c. Proporção de nascimentos termo precoce

Mais recentemente, tem sido demonstrado o maior risco de complicações de bebês nascidos com 37 ou 38 semanas de gestação, chamados de bebês “termo precoce”. No Brasil, 1/3 de todos os nascimentos ocorre entre 37 e 38 semanas gestacionais.

Um dos motivos para o aumento desses nascimentos precoces no país é o excesso de cesarianas: quanto maior a proporção de nascimentos por cesariana, maior a proporção de nascimentos precoces.

Essa é a razão pela qual não se recomenda o agendamento de cesarianas com menos de 39 semanas de gestação, exceto no caso de complicações que justifiquem a interrupção mais precoce da gravidez.

Acesse o painel com os indicadores aqui e identifique as situações de maior vulnerabilidade em seu município ou estado.

Referências

[1] Chawanpaiboon S et al. Global, regional, and national estimates of levels of preterm birth in 2014: a systematic review and modelling analysis, Lancet Glob Health, 2019;7(1):e37-e46.
[2] Martinelli KG et al, Prematuridade no Brasil entre 2012 e 2019: dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos, Revista Brasileira de Estudos de População 2021; 38: e0173.
[3] Blencowe H et al. National, regional, and worldwide estimates of low birthweight in 2015, with trends from 2000: a systematic analysis. Lancet Glob Health. 2019 Jul;7(7):e849-e860
[4] Barros F et al. Caesarean sections and the prevalence of preterm and early-term births in Brazil: secondary analyses of national birth registration, BMJ Open, 2018; 8 (8):e021538