As condições de nascimento do recém-nato dependem da saúde materna. Embora sejam indicadores relacionados ao bebê, devem ser monitorados por também refletirem a qualidade dos cuidados recebidos pela gestante durante a assistência pré-natal e ao parto.
Os indicadores a seguir podem ser usados para monitorar as condições de nascimento nos estados e nos municípios. Entenda como eles se comportam no Brasil e no mundo e como estão relacionados com a mortalidade materna.
Entenda o modelo teórico de acompanhamento dos indicadores.
A morte materna não é um evento isolado, ela é o resultado de uma série de determinantes sociais em saúde que atuam ao longo de toda a vida reprodutiva da mulher. A partir de um modelo teórico que apresenta esses determinantes em seus vários níveis, foi identificado um conjunto de indicadores que estão disponíveis nos sistemas de informação brasileiros.

Ao longo da história de Aparecida, esses indicadores serão apresentados e contextualizados, para que você compreenda a importância do seu monitoramento e utilidade no apoio para tomada de decisões e ações de promoção da saúde das mulheres e prevenção da morte materna.
a, b. Proporção de nascidos vivos prematuros e proporção de nascidos vivos com baixo peso ao nascer
O parto prematuro, com menos de 37 semanas de gestação, e o baixo peso ao nascer, que é o nascimento de um bebê com menos de 2500g, são os principais fatores de risco para a mortalidade infantil. Ambos estão relacionados à qualidade da assistência durante a gestação e podem ser reduzidos com uma adequada assistência pré-natal.
Além do tratamento de complicações que poderiam resultar num nascimento prematuro ou com baixo peso ao nascer, a assistência pré-natal pode reduzir alguns fatores de risco modificáveis, tais como o fumo, álcool e outras drogas.
No mundo, a proporção de nascimentos prematuros aumentou de 9,8%, em 2000, para 10,6% em 2014. O Brasil encontra-se entre os 10 países do mundo com maior número absoluto de nascidos vivos prematuros, respondendo por 2,3% do total de nascidos vivos prematuros [1]. A taxa de prematuridade no país apresentou pequeno declínio no período de 2012 a 2019, com variação de 10,9% a 9,9% [2].


Já a proporção estimada de baixo peso ao nascer no mundo apresentou redução de 17,5% no ano 2000 para 14,6% em 2015. Na América Latina, a redução observada nesse mesmo período foi de 8,8% para 8,7%. No Brasil, a proporção de baixo peso ao nascer tem permanecido estável, com valor de 8,5% em 2020.
Globalmente, estima-se que 20,5 milhões de crianças nascem com baixo peso ao nascer, 91% delas em países de baixa e média renda [3]. Existe um compromisso global de reduzir a proporção de baixo peso ao nascer em 30% até o ano 2025, considerando-se os valores de 2006-2010 como referência.


c. Proporção de nascimentos termo precoce
Mais recentemente, tem sido demonstrado o maior risco de complicações de bebês nascidos com 37 ou 38 semanas de gestação, chamados de bebês “termo precoce”. No Brasil, 1/3 de todos os nascimentos ocorre entre 37 e 38 semanas gestacionais.
Um dos motivos para o aumento desses nascimentos precoces no país é o excesso de cesarianas: quanto maior a proporção de nascimentos por cesariana, maior a proporção de nascimentos precoces.
Essa é a razão pela qual não se recomenda o agendamento de cesarianas com menos de 39 semanas de gestação, exceto no caso de complicações que justifiquem a interrupção mais precoce da gravidez.

Acesse o painel com os indicadores aqui e identifique as situações de maior vulnerabilidade em seu município ou estado.
Referências
[1] Chawanpaiboon S et al. Global, regional, and national estimates of levels of preterm birth in 2014: a systematic review and modelling analysis, Lancet Glob Health, 2019;7(1):e37-e46.
[2] Martinelli KG et al, Prematuridade no Brasil entre 2012 e 2019: dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos, Revista Brasileira de Estudos de População 2021; 38: e0173.
[3] Blencowe H et al. National, regional, and worldwide estimates of low birthweight in 2015, with trends from 2000: a systematic analysis. Lancet Glob Health. 2019 Jul;7(7):e849-e860
[4] Barros F et al. Caesarean sections and the prevalence of preterm and early-term births in Brazil: secondary analyses of national birth registration, BMJ Open, 2018; 8 (8):e021538