A assistência pré-natal é uma ação de saúde efetiva para a redução da mortalidade materna ao permitir:
- o diagnóstico e o tratamento precoce de doenças pré-existentes e de complicações na gravidez (tais como hipertensão arterial, diabetes, sífilis e outras doenças infecciosas);
- a adoção de medidas preventivas, como vacinas e suplementos alimentares;
- o fornecimento de orientações e preparação para o parto e o aleitamento materno, bem como para redução/cessação do fumo, do uso de álcool e de outras drogas.
Os indicadores a seguir podem ser usados para monitorar as condições de assistência pré-natal dos estados e dos municípios. Entenda como eles se comportam no Brasil e no mundo e como estão relacionados com a mortalidade materna.
Entenda o modelo teórico de acompanhamento dos indicadores.
A morte materna não é um evento isolado, ela é o resultado de uma série de determinantes sociais em saúde que atuam ao longo de toda a vida reprodutiva da mulher. A partir de um modelo teórico que apresenta esses determinantes em seus vários níveis, foi identificado um conjunto de indicadores que estão disponíveis nos sistemas de informação brasileiros.
Ao longo da história de Aparecida, esses indicadores serão apresentados e contextualizados, para que você compreenda a importância do seu monitoramento e utilidade no apoio para tomada de decisões e ações de promoção da saúde das mulheres e prevenção da morte materna.
a. Assistência pré-natal (PN): cobertura, início precoce e número mínimo de consultas
A cobertura de assistência pré-natal no Brasil alcança quase 100% das gestantes de todo o país, sendo menor na região Norte, em mulheres indígenas, em mulheres de menor escolaridade, sem companheiro, com maior número de filhos e que não queriam engravidar [1].
Num contexto de elevada cobertura, mulheres que não recebem ao menos uma consulta de pré-natal durante toda a gestação representam um grupo com muita dificuldade de acesso a serviços de saúde, tendo um risco aumentado de desfechos negativos. Monitorar esse indicador e identificar quem são essas mulheres em cada município é uma importante estratégia para aumentar a cobertura da assistência pré-natal.
Da mesma forma, o início precoce da assistência pré-natal é um aspecto a ser melhorado. No Brasil, ¼ das gestantes ainda inicia o pré-natal após o terceiro mês de gestação, sendo os principais motivos a dificuldade para o diagnóstico da gravidez (46,6%), seguido por problemas pessoais (30,1%) e barreiras de acesso (23,2%) [1].
Dentre outros benefícios, o início precoce da assistência PN é importante para garantir o número mínimo de consultas. Desde 2016, a Organização Mundial de Saúde recomenda que as gestantes de risco habitual tenham no mínimo oito consultas de pré-natal [2].
b. Incidência de sífilis congênita
A sífilis congênita é consequência da transmissão da infecção pela sífilis da gestante para o feto durante a gravidez.
Casos de sífilis congênita podem ser evitados por meio do diagnóstico e tratamento oportuno da infecção materna durante a gestação. A ocorrência de um caso de sífilis congênita indica falhas na assistência pré-natal sendo por isso um evento sentinela da qualidade dessa assistência.
A sífilis congênita está associada a vários desfechos negativos, como prematuridade, baixo peso ao nascer, abortamentos e óbitos fetais e neonatais. Existe uma meta mundial de eliminação de sífilis congênita, que é alcançar o valor ≤ 0,5 casos de sífilis congênita por 1000 nascidos vivos. No Brasil, a incidência de sífilis congênita apresentou aumento até o ano 2018, quando atingiu o valor de 9 por mil nascidos vivos, valor 18 vezes superior à meta de eliminação.
É importante ressaltar que o correto monitoramento da incidência de sífilis congênita depende das ações de vigilância epidemiológica realizadas nos serviços de saúde, já que a subnotificação de casos pode mascarar a real incidência da doença.
Acesse o painel com os indicadores aqui e identifique as situações de maior vulnerabilidade em seu município ou estado.
Referências
[1] Viellas EF et al. Assistência pré-natal no Brasil. Cad Saúde Pública 2014; 30 Suppl 1:S85-100.
[2] WHO recommendations on antenatal care for a positive pregnancy experience. Geneva: World Health Organization; 2016.