3. Assistência pré-natal

06/03/2023

A assistência pré-natal é uma ação de saúde efetiva para a redução da mortalidade materna ao permitir:

  • o diagnóstico e o tratamento precoce de doenças pré-existentes e de complicações na gravidez (tais como hipertensão arterial, diabetes, sífilis e outras doenças infecciosas);
  • a adoção de medidas preventivas, como vacinas e suplementos alimentares;
  • o fornecimento de orientações e preparação para o parto e o aleitamento materno, bem como para redução/cessação do fumo, do uso de álcool e de outras drogas.
Os indicadores a seguir podem ser usados para monitorar as condições de assistência pré-natal dos estados e dos municípios. Entenda como eles se comportam no Brasil e no mundo e como estão relacionados com a mortalidade materna.

Entenda o modelo teórico de acompanhamento dos indicadores.

a. Assistência pré-natal (PN): cobertura, início precoce e número mínimo de consultas

A cobertura de assistência pré-natal no Brasil alcança quase 100% das gestantes de todo o país, sendo menor na região Norte, em mulheres indígenas, em mulheres de menor escolaridade, sem companheiro, com maior número de filhos e que não queriam engravidar [1].

Num contexto de elevada cobertura, mulheres que não recebem ao menos uma consulta de pré-natal durante toda a gestação representam um grupo com muita dificuldade de acesso a serviços de saúde, tendo um risco aumentado de desfechos negativos. Monitorar esse indicador e identificar quem são essas mulheres em cada município é uma importante estratégia para aumentar a cobertura da assistência pré-natal.

Da mesma forma, o início precoce da assistência pré-natal é um aspecto a ser melhorado. No Brasil, ¼ das gestantes ainda inicia o pré-natal após o terceiro mês de gestação, sendo os principais motivos a dificuldade para o diagnóstico da gravidez (46,6%), seguido por problemas pessoais (30,1%) e barreiras de acesso (23,2%) [1].

Dentre outros benefícios, o início precoce da assistência PN é importante para garantir o número mínimo de consultas. Desde 2016, a Organização Mundial de Saúde recomenda que as gestantes de risco habitual tenham no mínimo oito consultas de pré-natal [2].

b. Incidência de sífilis congênita

A sífilis congênita é consequência da transmissão da infecção pela sífilis da gestante para o feto durante a gravidez.

Casos de sífilis congênita podem ser evitados por meio do diagnóstico e tratamento oportuno da infecção materna durante a gestação. A ocorrência de um caso de sífilis congênita indica falhas na assistência pré-natal sendo por isso um evento sentinela da qualidade dessa assistência.

A sífilis congênita está associada a vários desfechos negativos, como prematuridade, baixo peso ao nascer, abortamentos e óbitos fetais e neonatais. Existe uma meta mundial de eliminação de sífilis congênita, que é alcançar o valor ≤ 0,5 casos de sífilis congênita por 1000 nascidos vivos. No Brasil, a incidência de sífilis congênita apresentou aumento até o ano 2018, quando atingiu o valor de 9 por mil nascidos vivos, valor 18 vezes superior à meta de eliminação.

É importante ressaltar que o correto monitoramento da incidência de sífilis congênita depende das ações de vigilância epidemiológica realizadas nos serviços de saúde, já que a subnotificação de casos pode mascarar a real incidência da doença.

Acesse o painel com os indicadores aqui e identifique as situações de maior vulnerabilidade em seu município ou estado.

Referências

[1] Viellas EF et al. Assistência pré-natal no Brasil. Cad Saúde Pública 2014; 30 Suppl 1:S85-100.
[2] WHO recommendations on antenatal care for a positive pregnancy experience. Geneva: World Health Organization; 2016.